O amor cristão da pátria


Nem se deve recear que a consciência da fraternidade universal, fomentada pela doutrina cristã, e o sentimento que ela inspira, estejam em contraste com o amor às tradições e glórias da própria pátria, ou impeçam que se promovam a prosperidade e os interesses legítimos, porquanto essa mesma doutrina ensina que existe uma ordem estabelecida por Deus no exercício da caridade, segundo a qual se deve amar mais intensamente e auxiliar de preferência os que estão a nós unidos com vínculos especiais. E o divino Mestre deu também exemplo dessa preferência pela sua pátria, chorando sobre as ruínas da Cidade Santa. Mas o legítimo e justo amor à própria pátria não deve excluir a universalidade da caridade cristã que faz considerar também aos outros e a sua prosperidade, na luz pacificadora do amor.

Papa Pio XII in encíclica «Summi Pontificatus», 20 de Outubro de 1939.

De volta à realidade!


Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis. Eis uma metáfora pela qual os modernos são apaixonados; sempre dizem: «Não se pode atrasar o pêndulo». A resposta é clara e simples: «Pode-se sim». Um pêndulo, que é um objecto construído pelo homem, pode ser modificado por um dedo humano a qualquer hora. Assim, a sociedade, que é um objecto de construção humana, pode ser reconstituído sob qualquer forma já experimentada.

G. K. Chesterton in «What's Wrong with the World», 1910.

Livro: O que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica

A Civilização Ocidental baseia-se nos milagres da ciência moderna, na riqueza do mercado livre, na segurança do primado da lei, no respeito pelos direitos humanos e pela liberdade, nas virtudes da caridade ou da segurança social, nas belas-artes e na música, numa filosofia assente no racionalismo, e numa série de outros factos que temos como adquiridos – e que fazem de nós a mais poderosa e mais extraordinária civilização de todos os tempos.

Mas qual é, ao fim e ao cabo, a fonte de todos estes prodígios? O aclamado autor e professor Thomas E. Woods Jr. dá-nos aqui a resposta, há muito tempo negligenciada: foi a Igreja Católica que construiu a Civilização Ocidental.

- Foi a Igreja Católica quem arrancou a Europa da Idade das Trevas.
- A ciência moderna nasceu de facto com a Igreja Católica.
- Os padres católicos desenvolveram a ideia do mercado livre cinco séculos antes de Adam Smith.
- Foi a Igreja Católica quem criou as universidades e os hospitais.
- Tudo o que se diz sobre o caso de Galileu é falso.
- O direito ocidental nasceu do código canónico, e não só do romano.
- A Igreja humanizou o Ocidente, insistindo na santidade de todas as vidas.

Ninguém fez mais para modelar a Civilização Ocidental do que a Igreja Católica, nos seus dois mil anos de existência – e em tantos aspectos, que quase nos esquecemos deles. Este livro é fundamental para nos reconciliarmos com essa verdade, que muitos tentam hoje camuflar.

Ideia da Europa


A ideia da Europa integra os seguintes valores essenciais:
Uma Filosofia, nascida na Grécia, ao mesmo tempo rigorosa e subtil, maleável e ordenada, introspectiva e objectiva, a constituir superior criação da inteligência humana;
Um Direito, nascido na Roma imperial das legiões e dos juristas, a espada a apoiar a lei, as instituições e as magistraturas, a garantir, na síntese de Valéry, «um poder organizador e estável»;
Uma Teologia, a de Cristo, que os apóstolos e doutores do Cristianismo propagaram, firmada no conceito de Deus uno, omnipotente e providencial, consolo para os que sofrem, estímulo para os que lutam, juiz para os que erram, libertador das velhas servidões e dos velhos erros; a doutrina do amor fraterno e da universal promessa de redenção;
Uma Aristocracia Militar, a dos Germanos, apoiada nos laços de sangue e na ética da Família e do Combate, que será a grande geradora das nações futuras.

João Ameal in «A Ideia da Europa», 1967.

A propósito de manifestações

Nisto de manifestações – ia eu dizendo – o difícil é interpretá-las. Porque, por exemplo, uma manifestação conservadora é sempre feita por mais gente do que toma parte nela. Com as manifestações liberais sucede o contrário. A razão é simples. O temperamento conservador é naturalmente avesso a manifestar-se, a associar-se com grande facilidade; por isso, a uma manifestação conservadora vai só um reduzido número da gente que poderia, ou mesmo quereria, ir. O feitio psíquico dos liberais é, ao contrário, expansivo e associador; as manifestações dos «avançados» englobam, por isso, os próprios indiferentes de saúde, a quem toda a vitalidade acena.

Fernando Pessoa in «O Jornal», nº 15, 18 de Abril de 1915.

Igreja Militante


Imagino que nesta altura meu leitor esteja a revolver as ideias que aprendeu sobre a Caridade, Evangelho, Perdão e outras grandes noções que auriu no regaço da Igreja. Sendo estudioso, lembra-se que o Concílio de Trento trouxe esta definição lapidar: A Igreja Militante é aquela parte de seus membros (ainda na Terra) que luta contra três cruéis Inimigos: o Diabo, o Mundo e a Carne.
Mas meu leitor também se lembrará de uma palavra de Cristo: Mas eu vos digo amareis vossos inimigos... "Meu Deus, como conciliar tantas ideias aparentemente opostas?! Como poderei amar se devo combater?" Respondeu dizendo: combatendo! Porque esta é a melhor forma de Caridade a que ele tem direito. Por incrível que pareça são os pacifistas que pecam contra a Caridade quando querem que todos se unam e se misturem na mesma indiferença em relação à Verdade e ao Bem. Sim, não há mais odioso pecado contra a Caridade do que a amável condescendência com que permitimos e colaboramos com a permanência no erro e no mal. Não fazer questão de incomodá-lo, de combatê-lo, de tirá-lo da sua tranquilidade no erro e no mal, é fazer uma das obras predilectas do Demónio.

O materialismo prático de alguns católicos


Um Oriental não pode admitir uma organização social que não repouse em princípios tradicionais; para um muçulmano, por exemplo, a legislação inteira não é senão uma dependência da religião. Em tempos, também assim foi no Ocidente: basta lembrarmo-nos do que foi a Cristandade na Idade Média; mas, hoje, as relações estão invertidas. Com efeito, vemos agora a religião como um simples facto social; em vez da ordem social inteira ser associada à religião, esta, contrariamente, quando ainda consentimos dar-lhe um lugar, não é mais vista senão como um qualquer dos elementos que constituem a ordem social; e quantos católicos aceitam esta forma de ver sem a menor dificuldade!
Praticamente, crentes e não crentes comportam-se quase da mesma maneira; para muitos católicos, a afirmação do sobrenatural não tem senão um valor teórico, e ficariam embaraçados se tivessem que constatar um facto miraculoso. É o que podemos chamar de um materialismo prático, um materialismo de facto; não é este mais perigoso do que o materialismo admitido, precisamente porque aqueles que por ele são atingidos não têm sequer consciência?

René Guénon in «Oriente e Ocidente».

Dia da Mãe

Desde sempre os Portugueses celebraram o Dia da Mãe a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal. Já a celebração do primeiro domingo de Maio foi uma invenção recente, escolhida com fins meramente comerciais.

Democracia é Plutocracia


Sendo contra os princípios funestos da Revolução Francesa, nós somos necessariamente contra a organização económica da sociedade moderna. O Trabalho e a Propriedade sofreram com a obra da revolução a influência duma nova ordem de coisas, donde deriva imediatamente a crise que a todos nos toca e que escurece o horizonte com tão cerradas interrogações. O proletário, que nós vemos enfeudado ao cortejo dos agitadores políticos, deve à democracia a sua situação miseranda; a desorganização individualista da revolução aboliu os quadros corporativos em que o Trabalho se protegia e defendia dos acasos da concorrência em que o trabalho deixou o produtor entregue ao arbítrio da plutocracia, que é sem dúvida a única e a verdadeira criação do espírito revolucionário. Enganam-se os humildes se nas promessas falaciosas do erro democrático supõem encontrar a realização das suas reivindicações justíssimas! Um século inteiro de experiências dolorosas mostra-nos que nunca a sorte das classes pobres pode ser tratada e minorada pelos governos saídos do voto, que são estruturalmente governos sujeitos, por defeito de origem, à venalidade e à corrupção.
A Propriedade e o Trabalho, constituindo a pedra angular da Família, constituem os alicerces inalienáveis da Nacionalidade. Cosmopolita, mais fácil de se furtar às suas responsabilidades sociais, o Capital precisa de se restringir aos seus defeitos de relação entre a terra e o homem. Os desaforos do cambismo, envolvendo e universalizando a sociedade por meio da judiaria argentária, empurram-nos fatalmente para a dissolução do conceito supremo da Pátria. Impossibilitam por outro lado o operário de se hierarquizar como uma energia positiva e autónoma.
As democracias resultam daqui, agora e sempre, como as formas de governo mais aptas à supremacia da alta finança. São «Le pays de cocâgne rêvê par des financiers sans scrupules» como Georges Sorel as define. A instabilidade do poder nos governos electivos e a sua conquista pela corrupção eleitoral torna-os por natureza regimes abertos, como nenhuns outros, às imposições do Plutocratismo.

António Sardinha in «Durante a Fogueira».

Dia do Trabalhador


Infeliz povo se, confundindo promessas vãs com realidades, vier a convencer-se um dia de que o trabalho é sinal de servidão e a desordem atmosfera saudável de vida!

António de Oliveira Salazar in discurso «A Obra do Regime na Campanha Eleitoral», 31 de Maio de 1958.