Crime de excesso

Fim do Ramadão, Lisboa, 28 de Julho de 2014

Nós temos vindo a transgredir os justos limites da tolerância, do respeito e da amizade. Nós temos vindo a cometer o crime de excesso. Queira Deus que não tenhamos que pagar em breve, e que as nobres raças às quais nós devemos uma contribuição tão valiosa, nunca se sintam envergonhadas pelo sentimento da nossa fraqueza.

Charles Maurras, sobre a inauguração da Grande Mesquita de Paris em 1926.

A URSS perseguia os judeus?

Região Autónoma Judaica fundada por Estaline

Dado o mito amplamente difundido por sionistas de Direita, segundo o qual a URSS sob Estaline tinha uma política anti-semita, importa repor a verdade com factos históricos que refutem essa fantasia:
Os comunistas, como internacionalistas consistentes, não podem deixar de ser irreconciliáveis inimigos declarados do anti-semitismo. Na URSS o anti-semitismo é punível com a máxima severidade da lei, como um fenómeno profundamente hostil ao regime soviético. Sob a lei soviética, anti-semitas activos são passíveis de pena-de-morte.
José Estaline, 12 de Janeiro de 1931
Não só o anti-semitismo foi declarado incompatível com o Comunismo e punido com a morte, como o próprio Estaline fundou um Estado Nacional Judaico dentro da URSS, em Birobidjan, vinte anos antes da criação do Estado de Israel.

Juramento de Ourique


Eu Dom Afonso, Rei de Portugal, Filho do ilustre Conde Dom Henrique, Neto do Grande Rei Dom Afonso: sendo presentes Vós o Bispo de Braga, e Bispo de Coimbra, e Teotónio, e os mais Magnates, Oficiais, e Vassalos do meu Reino: juro por esta cruz de metal, e por este Livro dos Santíssimos Evangelhos, em que ponho a mão: que eu mísero pecador, com estes meus olhos indignos, vi a Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, posto em uma Cruz nesta forma: Eu estava com meu Exército nas Terras de Além Tejo, no Campo de Ourique, para pelejar com Ismael, e outros quatro Reis dos mouros, que tinham consigo infinitos milhares de homens. E a minha gente atemorizada com esta multidão, estava enfadada, e muito triste, em tanto que muitos diziam ser temeridade começar a guerra. E eu triste por aquilo que ouvia, comecei a cuidar comigo que faria; e tinha um livro na minha Tenda, no qual estava escrito o Testamento Velho, e o Testamento de Jesus Cristo: abri-o, e li nele a vitória de Gedeão, e disse antre mim: Vós sabeis Senhor Jesus Cristo, que por vosso amor faço esta guerra contra vossos inimigos; e que na vossa mão está dar-me a mim e aos meus fortaleza para que vençamos aqueles blasfemadores de Vosso Nome. E dizendo isto adormeci sobre o Livro, e logo vi um Velho, que se vinha para mim, e me dizia: Afonso, confia, porque viverás e desbaratarás estes Reis, e quebrantarás os seus poderes e o Senhor se te há-de mostrar. Estando eu vendo isto, chegou-se a mim João Fernandes de Sousa, vassalo de minha Câmara, e disse-me: Senhor, levantai-vos, está aqui um homem velho, que vos quer falar: entre, disse eu, se é fiel. E entrado ele onde eu estava, conheci ser aquele mesmo, que eu tinha visto na visão. O qual me disse: Senhor, está de bom ânimo: vencerás, vencerás e não serás vencido. És amado do Senhor, porque sobre ti, e sobre teus descendentes depois de ti, tem posto os olhos de sua misericórdia até à décima sexta geração, na qual se diminuirá a descendência, mas na mesma assim diminuída, o mesmo Senhor tornará a pôr os olhos e verá. Ele me manda dizer-te, que tanto que ouvires esta noite que vem, tanto a campainha da minha Ermida, na qual vivi sessenta e seis anos, entre os infiéis, guardado com o favor do altíssimo, sairás do teu arraial, só e sem companheiros, e mostrar-te-á sua muita piedade. Obedeci e com reverência posto em terra, venerei o embaixador, e a Quem o mandava. E estando em Oração, esperando pelo som da campainha, já na segunda vigília da noite, a ouvi. Então armado com a espada, e escudo, saí do arraial, e vi subitamente para a parte direita contra o Oriente um Raio resplandecente, e o resplandecer crescia pouco e pouco em mais, e quando naquela parte pus os olhos com eficácia, logo no mesmo raio mais claro que o Sol, vejo o sinal da Cruz e Jesus Cristo nela crucificado, e de uma outra parte multidão de mancebos alvíssimos, que eu creio eram os Santos Anjos. A qual visão, tanto que eu vi, posta à parte a espada, e escudo, e deixados os vestidos, e calçado, humilhado me lancei em terra, e aí derramando muita cópia de lágrimas, comecei a rogar pelo esforço dos meus Vassalos. E nada turbado disse: Vós a mim Senhor? Porque a quem já crê em Vós, quereis acrescentar a Fé? Melhor será que vos vejam os Infiéis e creiam, e não eu que com a água do baptismo vos conheci e conheço pelo verdadeiro filho da Virgem, e do Padre Eterno. A Cruz era de admirável grandeza, e levantada de terra quase dez côvados. O Senhor, com suave órgão de voz, que meus indignos ouvidos receberam, me disse: Não te apareci desta maneira para te acrescentar a Fé, mas fortalecer o teu coração neste conflito, e para estabelecer e confirmar sobre firme pedra os princípios do teu Reino. Confia, Afonso, porque não somente vencerás esta batalha, mas todas as outras, em que pelejares contra os inimigos da Cruz. Tua gente acharás alegre para a guerra, e forte, pedindote que com nome de Rei entres nesta batalha com título de Rei. Não duvides, mas concede-lhe liberalmente o que te pedirem. Porque Eu sou o que faço e desfaço Reinos e Impérios. E minha vontade é edificar sobre ti e sobre tua geração depois de ti, um Império, para que o meu Nome seja levado a gentes estranhas. E porque os teus sucessores conheçam quem te deu o Reino, fabricarás o teu Escudo de armas com a divisa do preço, com que Eu comprei o género humano, e com o que eu fui comprado dos Judeus. E ser-me-á um Reino santificado, puro na Fé e pela piedade amado. Tanto que eu ouvi estas coisas, prostrado em terra, o adorei, dizendo: Senhor, por que merecimentos me anunciais tanta piedade? Farei o que mandais e vós ponde os olhos de misericórdia em os meus descendentes, como me prometeis; e a gente de Portugal guardai e salvai, e se contra eles algum mal tiverdes determinado, antes o convertei todo em mim; e a meus sucessores e o meu povo, que amo tanto como único filho, absolvei. Consentindo, o Senhor disse: Não se apartará deles, nem de ti alguma hora minha misericórdia, porque por eles tenho aparelhado para mim grande sementeira, porque os escolhi por meus semeadores para terras mui apartadas e remotas. E dizendo isto desapareceu, e eu, cheio de confiança e suavidade, tornei ao exército. E que tudo passou assim eu el Rei Dom Afonso o juro pelos Santíssimos Evangelhos de Jesus Cristo, em que ponho a mão. Pelo que mando a meus sucessores, que tragam por divisa e insígnia, cinco escudos patidos em cruz, por amor da Cruz e das cinco Chagas de Jesus Cristo, e em cada um trinta dinheiros de prata, e em cima a serpente de Moisés, por ser figura de Cristo. E esta será a divisa da nossa nobreza em toda nossa geração. E se algum outra coisa intentar, seja maldito do Senhor e com Judas traidor atormentado no Inferno. Feita em Coimbra a vinte e oito de Outubro, da Era de Cristo mil cento e cinquenta e dois.

Eu Dom Afonso, Rei de Portugal.
Dom João, Bispo de Coimbra.
Dom João, Metropolitano de Braga.
Dom Teotónio, Prior.

A convocação de Côrtes não era obrigatória


Reproduzo o testemunho de um liberal:

Embora decorresse o longo espaço de cento e trinta anos sem serem convocadas; à necessidade, à razão de Estado, à Revolução Francesa, e talvez mesmo ao abuso, deva Portugal esta fatal suspensão das suas liberdades; mas esta suspensão não equivaleu jamais, nem pode equivaler a uma revogação. São por sua natureza imprescritíveis semelhantes Leis; convocavam-se Côrtes, quando o Soberano o julgava preciso, e o exigia o bem do Estado. Nunca houve Lei, que determinasse a sua convocação periodicamente. D. Dinis convocou-as cinco vezes, D. Afonso IV seis, D. Fernando cinco, D. João I vinte e cinco vezes, D. Afonso V dezoito vezes.

D. José Sebastião de Saldanha de Oliveira e Daun in «Quadro Histórico-Político dos Acontecimentos mais Memoráveis da História de Portugal», 1829.

Socialismo, sionismo e satanismo


Ligação misteriosa foi a que se estabeleceu entre Marx e o seu mestre, o escritor judeu Moses Hess, considerado o Pai do Sionismo Socialista. Na cosmovisão e na mentalidade de Moses Hess, há uma curiosa superposição e permeação de camadas ideológicas – a tríade socialismo, sionismo e satanismo. Ao mesmo tempo, Moses foi um dos fundadores do socialismo e mentor de Marx e Engels; arvorou o ideal do sionismo sendo o seu precursor, antes mesmo de Theodor Herzl; além disso, iniciou no satanismo os seus dois discípulos. Moses publicou em 1862 o livro Roma e Jerusalém (Rome and Jerusalem: The Last National Question). Nele Moses Hess preconizou a criação e o estabelecimento da nação judaica na Palestina, onde os judeus teriam um estilo de vida agrário socialista e passariam por um processo de "redenção pela terra".

A face da República


Muitas vezes fui vencido em discussões dentro do meu próprio partido. Nunca dei uma excessiva importância aos debates ideológicos e sempre condicionei muito mais a minha acção pelas relações políticas e tácticas no terreno, por forma a, pragmaticamente, levar a água ao meu moinho.

Mário Soares in jornal «Diário de Notícias», 24 de Abril de 1984.

EUA: berço da Revolução Mundial


República imperial, capitalista, maçónica e protestante: é a definição dos Estados Unidos. (pág. 151)

Mas os Estados Unidos são o primeiro país cujos governantes são todos ou quase todos maçons, e onde, não havendo oficialmente religião protegida pelo Estado, a situação de facto é: governo maçónico. E governo maçónico quer dizer o seguinte: todos os conflitos abertos, todas as disputas políticas travadas diante do público, que constituem a pulsação da vida democrática, não são senão a exteriorização de divergências nascidas e elaboradas dentro da Maçonaria. A espuma democrática encobre e disfarça a luta interna no seio de uma nova aristocracia, cuja unidade espiritual repousa nas mãos de um novo sacerdócio. (pág. 159)

Os Estados Unidos são uma República protestante. (...). República protestante vai significar, em última instância: Estado laico, Estado sem religião oficial. Os Estados Unidos são o primeiro Estado professadamente areligioso – no sentido etimológico: agnóstico – que se conhece na História do mundo.
A revolução que isto representa na estrutura mental da humanidade é tão profunda, tão vasta nas suas consequências, que perto dela as revoluções seguintes – da França, da Rússia ou da China, para falar só das maiores –, com todo o seu vistoso cortejo de morticínios, de radicalismos ideológicos, de novas modas culturais, de experiências económico-administrativas extravagantes, nada mais são do que acréscimos periféricos e notas de rodapé. Todas essas revoluções passaram, os Estados que fundaram ruíram com fragor ou derreteram-se melancolicamente, e a parte do seu legado cultural que não se dissipou em fumaça terminou por incorporar-se, sem grandes choques, à corrente dominante: a Revolução Americana.
Ora, qual o legado dessa Revolução no mundo? A democracia? Não pode ser, visto que ela convive perfeitamente bem com ditaduras, quando lhe interessa, e visto que a subsistência de uma aristocracia maçónica associada de perto a uma oligarquia económica é um dos pilares do sistema norte-americano. O capitalismo liberal? Também não, porque o próprio sistema norte-americano, através da expansão do assistencialismo estatal, acabou por assimilar várias características da social-democracia. O republicanismo? Não, porque os elementos democráticos e igualitários da ideologia norte-americana que se espalharam pelo mundo puderam, sem traumas, ser incorporados por antigas monarquias tornadas constitucionais, como a Inglaterra, a Dinamarca, a Holanda, a Espanha. Dos vários componentes da ideologia revolucionária norte-americana, o único que foi assimilado integralmente, literalmente e sem alterações por todos os países do mundo foi o princípio do Estado laico. Se é verdade que "pelos frutos os conhecereis" ou que as coisas são em essência aquilo em que enfim se tornam, a Revolução Americana só é democrática, republicana e liberal-capitalista de modo secundário e mais ou menos acidental: em essência, ela é a liquidação do poder político das religiões, a implantação mundial do Estado sem religião oficial. (pág.164)

O predomínio absoluto da moral civil representa o boicote sistemático de toda a transmissão da moral religiosa às novas gerações. A formidável expansão do ateísmo no mundo, bem como o fenómeno das pseudo-religiões que desviam para alvos inócuos ou mesmo prejudiciais os impulsos religiosos que ainda restem na humanidade, jamais teria sido possível sem esta realização da Revolução Americana. (pág. 167)

A Revolução Americana que incorpora o ideal do império laico tende a mundializar-se, arrastando na sua torrente todas as forças intelectuais e políticas que, de uma forma ou de outra, acabam por colocar-se involuntariamente ao seu serviço. Ela intervém decididamente e a fundo na estrutura da alma de todos os seres humanos colocados ao seu alcance, instaurando neles novos reflexos, novos sentimentos, novas crenças que constituirão, em essência, a cultura pós-cristã, ou mais claramente: anti-cristã. (pág. 184)

A contradição resolve-se, tão logo entendemos que a dinâmica imperial dos Estados Unidos não provém de causas económicas, porém intelectuais, culturais e políticas: os Estados Unidos são uma potência imperial porque a sua fundação constituiu um revigoramento da ideia imperial; porque o projecto de império laico que incorpora as concepções iluministas do Estado representou, no instante da fundação da República Americana, a síntese e o resultado das contradições entre sacerdócio e aristocracia (...); porque o surgimento do moderno Estado laico incorporado no Império Americano é, por essência, um projecto expansivo, revolucionário, modernizante, destinado a reformar o mundo; porque a Revolução Americana é, enfim, o primeiro passo da Revolução Mundial que, dando uma "solução final" ao conflito entre autoridade espiritual e poder temporal, absorverá no Estado, em aliança com a intelligentzia, toda autoridade espiritual, neutralizando todas as religiões do mundo e instaurando a religião de César. (pág. 185)

Ora, o único lugar do mundo onde os ideais iluministas foram realizados na máxima extensão possível das faculdades humanas foram os Estados Unidos. (pág. 193)

O facto é que, sepultado o comunismo, os Estados Unidos voltam a ser a sede central da Revolução Mundial, tal como no século XVIII foram o seu berço. (pág. 195)

Olavo de Carvalho in «O Jardim das Aflições», 1995.